O deputado federal José Medeiros (PL) avalia o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), como mais influente do que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os parlamentares. Para ele, se Lula continuar com uma estratégia de enfrentamento, pode acabar alvo de um impeachment, a exemplo da ex-presidente Dilmar Rousseff (PT), a qual teve uma relação de oposição à Câmara.
"Se o governo Lula continuar assim, pode terminar como o [governo] de Dilma. A Dilma caiu por causa da briga dela com o Eduardo Cunha. Me parece muito temeroso e tô achando o Lula muito corajoso do governo dele partir para esse tipo de enfrentamento com um presidente da Câmara com tanto poder nesse momento [como o Arthur Lira]. Aliás, na história da Câmara é a maior votação que teve e ele continua com esse pessoal lá”, avaliou Medeiros, na sexta-feira (2), em Cuiabá.
Dilma Rousseff foi alvo de impeachment após uma relação de conflito com Eduardo Cunha. O então presidente da Câmara, ao não ter pedidos atendidos pelo governo federal, colocou para votação as chamadas "pautas bombas", causando uma série de problemas paras contas da gestão petista e agravaram a crise econômica.
Isso corroeu o apoio popular de Dilma, que já era frágil desde os protestos de 2013. Ao fim, Cunha liderou a votação pela impeachment da então presidente.
L de Lira
A análise feita por Medeiros leva em conta as votações da Medida Provisória dos Ministérios, a qual foi aprovada conforme relatório do deputado Isnaldo Bulhões Jr, (MDB-AL), aliado de Lira e expoente do Centrão. Ao invés de manter a estrutura organizada por Lula no início do mandato, o texto de Isnaldo esvaziou os ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e dos Povos Originários, para fortalecer o Ministério da Agricultura e Pecuária.
“A Câmara fez o L, mas não foi de Lula. A Câmara tem feito o L de Lira. Quem manda na coisa toda é o Lira. O Lira tem 277 votos, o governo tem 130, a oposição tem ali 105, 110. O fato é que hoje depende tudo do Lira. Quando ele aponta o dedo para sim, tá vivo, quando para não, tá morto, porque ele tem poder de César. O governo está sem articulação nenhuma. Eu achei que esse seria o ponto forte do governo Lula, mas vejo que ele está com muita dificuldade”, ponderou Medeiros.
Ao mesmo tempo em que a aprovação aconteceu ao gosto do Centrão, um ex-assessor de Arthur Lira foi alvo de operação da Polícia Federal. A ação foi interpretada nos bastidores de Brasília como uma resposta do governo federal ao presidente da Câmara.
