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Notícias / Entrevista da Semana

18/06/2023 às 08:01

De Zé Gotinha na parada LGBTQIAP+ a desafios na implantação do BRT: Abílio fala sobre Brasília e Cuiabá

Parlamentar afirma que amadureceu “apanhando” e ainda busca melhorar comunicação

Jardel P. Arruda

Conhecido por posicionamentos duros e ter o “hábito” de se envolver em polêmicas, o deputado federal Abilio Brunini (PL) se consolidou nas eleições de 2022 como um dos principais personagens da política de Cuiabá ao ser o candidato proporcional com mais votos na Capital de Mato Grosso.

A consequência disso foi automaticamente ser considerado pré-candidato a prefeito nas eleições de 2024 pelo PL, um dos maiores partidos em nível de Brasil, com aval do presidente nacional da sigla, Valdemar da Costa Neto. 

Nesse “meio tempo”, entre uma eleição e outra, Abilio iniciou mandato como deputado federal e mantém fiscalização insistente sobre os investimentos feitos em Cuiabá, seguindo firme na oposição ao grupo do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), contra quem concorreu em 2020, ao mesmo tempo que se destaca na Câmara Federal com declarações polêmicas em embates contra parlamentares da esquerda.

Ao Leiagora, Abílio falou sobre uma das mais recentes polêmicas, quando se posicionou sobre o Zé Gotinha na Parada da Diversidade, bem como sobre os desafios da implantação do BRT em Cuiabá e o amadurecimento como figura pública.


Leiagora -  Deputado, assim como quando era vereador, você tem se destacado por declarações polêmicas na Câmara dos Deputados e uma das mais recente situações foi a declaração contra a participação do Zé Gotinha na parada da diversidade. Qual o motivo da declaração?

Abilio Brunini - Obrigado, eu precisava dessa pergunta. Bom, primeiro, deixo claro, a declaração foi tirada de contexto. Eu estava falando que as ações de saúde pública, elas precisam ser mais eficazes. Para a gente ter um resultado positivo na saúde pública, nós precisamos de ação efetiva em várias áreas. Eu não sou contra que o bonequinho da vacinação esteja em todos os lugares, não sou contra. Eu sou contra que só seja feito isso.

Entenda bem, eu estou na frente parlamentar da vacinação. Eu defendo todo tipo de vacina e tudo mais. E o Zé Gotinha é fundamental como identidade de campanha para a vacinação e conscientização. Ele deve estar presente em todos os atos, todos, tanto dentro de uma atividade religiosa, quanto na parada gay, quanto em qualquer lugar, porque onde você puder conscientizar é importante. Porém não pode ser só isso, porém não pode ser só marketing, não pode ser só propaganda. 


Leiagora -  O que significa não pode ser só propaganda? Pode dar um exemplo concreto?

Abilio Brunini - Aqui em Cuiabá, por exemplo, é uma peregrinação quando uma mãe quer fazer a vacinação do seu filho. Ela tem que ir de posto em posto pra tentar descobrir qual dia terá vacina e em qual posto. 

E é isso que atrapalha o problema da vacinação. É que não é só o personagem. O mascote, que agora tá tendo uma campanha de marketing fantástica, que coloca ele vestindo a camisa do seu time, que coloca ele com o chapeuzinho do índio, que coloca o mascote em várias situações… O mascote é o personagem, é o marketing. É a propaganda.

Nós não podemos aceitar que isso seja só propaganda. E quanto é gasto só na propaganda? E quanto deixa de ser gasto nas ações de verdade? Então eu torço para que o governo entenda o recado. Eu não sou contra de modo algum nenhuma campanha de vacinação. O que eu sou contra é que seja só um marketing.

O meu interesse maior naquele comentário foi, eu espero que o governo federal faça ações de verdade na saúde pública, que seja transformadora, que seja revolucionária, que não fique só no marketing.


Leiagora -  Abílio, você é arquiteto urbanista e pré-candidato a prefeito de Cuiabá. O modal do VLT foi trocado pelo BRT e as obras parecem estar começando a acontecer. Agora, o BRT será a solução do transporte público ou também pode se tornar um problema?

Abilio Brunini - Eu sou urbanista e tenho especialização em mobilidade urbana. É a área que eu mais gosto de pesquisar e estudar. Inclusive fiz o estudo sobre a bilhetagem entre o Cuiabá, uma das coisas que subsidiou uma época que deram boa tarifa, ainda acho que o cálculo da tarifa em Cuiabá está irregular.  Ele usa uma base só de reajuste para cima, nunca reajusta conforme o sistema de transporte público em Cuiabá.

Sobre o BRT, nós temos um problema maior, que é essa guerra política [Emanuel Pinheiro, prefeito de Cuiabá, contra Mauro Mendes, governador de MT]. A guerra política está atrapalhando não só o BRT, ela está atrapalhando todo o sistema de transporte público em Cuiabá e na região metropolitana.

Não está sendo feito o planejamento da integração entre os meios de transporte. É Preciso ver como vai funcionar o sistema de transporte que foi licitado para 30 anos no município de Cuiabá, inclusive com a compra de ônibus com portas para as estações do VLT, enquanto o sistema de transporte que o governo do Estado está propondo que é o BRT.


Leiagora - Mas na prática, isso significa o que de problema para a cidade de Cuiabá?

Abilio Brunini -  O plano de mobilidade urbana já deveria ter sido desenvolvido. Mas ele está parado na Secretaria de Mobilidade Urbana já deveria estar em avanço. Precisamos discutir um sistema de transporte público que trabalhe com as coletoras dos bairros e a distribuição da população dos bairros nas principais linhas dos dois eixos, dos dois eixos do BRT. 

Porque nós não podemos ter um sistema concorrente. Não podemos ter a prefeitura concorrendo com o BRT nos principais eixos. Se isso continuar acontecendo, imagina, a prefeitura vai ter os ônibus dela porque ela não aceita o BRT.

Aí os ônibus estarão na Avenida Fernando Corrêa, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA), na XV de Novembro e os ônibus municipais estarão correndo paralelamente ao BRT. Aí o sistema não vai funcionar.

O que deve-se fazer para ter uma solução na mobilidade e não ser um problema de trânsito? Eu acredito seriamente que devemos fazer um planejamento urgente antes da implantação. Só que eu duvido que eu prefeitura tenha interesse nessa parceria para discutir o modal.


Leiagora -  

Abilio Brunini -  Nós temos um problema de cultura de trânsito, que é o seguinte: Aqui na avenida de CPA, o BRT está programado para estar no Canteiro Central. Pelo desenho, você vai observar que ele ocupa uma faixa do Canteiro Central, tanto a faixa esquerda quanto a faixa direita.

A faixa da direita é a faixa desacelerada aqui na nossa cidade, assim como em outras cidades também é. A faixa da esquerda é a faixa de trânsito rápido, que será ocupada pelo BRT. A faixa do meio geralmente é a faixa da dúvida, aquele cara que ainda não sabe onde ele vai entrar.

Do jeito que está proposto, a faixa exclusiva de ônibus que hoje está do lado da faixa lenta, que é a faixa de entrada e de desaceleração, ela vai para a faixa de trânsito rápido, que vai criar uma desaceleração na pista total, porque nós teremos duas faixas, sendo a faixa de desaceleração e a faixa do meio. Então precisa ter um planejamento para que solucione esses conflitos.


Leiagora -  É possível solucionar esses problemas no atual andamento do projeto?

Abilio Brunini -  O BRT nos dá uma facilidade a mais do que o VLT nesse quesito, que é a adaptabilidade. O BRT não necessita dos trilhos, ou seja, por pior que seja o projeto, ou por melhor que seja, se houver a necessidade de deslocar a linha do BRT para que possa desafogar o trânsito, ele há essa possibilidade porque ele é um veículo, o BRT é um ônibus praticamente, com uma tecnologia melhor.

BRT precisa de um projeto que seja integrado com a cidade.

Leiagora - Abilio, apesar de ser um parlamentar polêmico, houve uma mudança de postura e você parece mais maduro. Como se deu essa mudança de tom? Houve uma cobrança?

Abilio Brunini - Não, foi apanhando mesmo. Quanto mais você apanha, mais calejado fica e a gente aprende. Eu costumo dizer que a eleição mais importante da minha vida foi a eleição de 2020, a que eu perdi. 

Eu costumo dizer isso porque a eleição que eu perdi, eu aprendi muito pelos meus erros e eu perdi a eleição por meus erros. E reconhecer que você errou é importante para o seu conhecimento pessoal. Eu recomendo que cada um faça uma análise de si mesmo.

E eu acredito que eu preciso aperfeiçoar essa questão da comunicação, principalmente na questão da linguagem. Aquilo que eu quero opinar e tomar o cuidado para que ele não tenha algum duplo sentido, um entendimento contrário, que não me venha trazer uma imagem negativa. É que vocês não estão no meu lugar, às vezes a pessoa também está na internet e ela não está no meu lugar, mas é difícil.
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