O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo (União), classificou como natural a entrada da Polícia Federal nas investigações relativas à Operação Espelho, que levou ao indiciamento de 22 empresários e agentes públicos por fraude em licitação, organização criminosa e peculato. Contudo, o gestor pondera que, até o momento, o trabalho da Polícia Civil, responsável pela operação, não havia apontado para o desvio de recursos públicos federais, o que justificaria a atuação da PF.
"Toda vez que possa existir uma suspeita de uso irregular de recurso federal é natural que a PF possa fazer uma investigação. Então, durante a pandemia, se houve recurso federal sendo empregado em Mato Grosso - e essa Operação Espelho até o prezado momento diz que empresários estariam em conluio atuando para lesar o patrimônio público - então eu vejo de forma natural", comentou. "Nós não temos essa evidência ainda, mas vejo de forma natural. É até bom que investigue para saber que por força da Secretaria de Estado de Saúde não tem nenhuma mácula e nenhum envolvimento com atos de corrupção", acrescentou.
Na manhã desta terça-feira (5), durante a entrega de 110 veículos novos para atender as unidades da Saúde, Gilberto comentou ainda a movimentação na Assembleia Legislativa para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.
Ele reconheceu a autonomia do Parlamento para fazer investigações, disse que não está se envolvendo nessa polêmica e reforçou o discurso do governador Mauro Mendes (União) no sentido de que seria um esforço desnecessário tanto dos deputados quanto do governo, que seria obrigado a dar explicações na Casa de Leis em oitivas com gestores e servidores, sendo que o caso já está nas mãos da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual (MPE). Gilberto disse ainda que "toda CPI tem um pouco de viés político".
"A partir do momento que os órgãos de controle já estão fazendo uma investigação é desnecessário e vai comprometer o andamento dos trabalhos. Mas se for preciso prestaremos todas as informações como temos feito até agora com os órgãos de controle. Temos tranquilidade".
A operação
Deflagrada em 2021, a primeira fase da Operação Espelho investigou fraudes e desvios de valores ocorridos no contrato de prestação de serviços médicos no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande.
A investigação começou após a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) receber uma denúncia de que a empresa contratada para fornecer médicos plantonistas disponibilizaria número de médicos inferior ao contratado.
Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil apurou que a empresa contratada integrava um cartel dedicado a fraudar licitações e contratos de prestações de serviços médicos, principalmente, de UTIs, em todo o estado.
Foram identificados contratos fraudulentos com hospitais municipais e regionais de Mato Grosso. As empresas teriam, inclusive, enviado pacientes para UTIs sem necessidade à época.