Sob ameaça de ter o mandato cassado em razão de um recurso proposto pela Câmara de Cuiabá junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o deputado federal Abilio Brunini tenta diminuir a importância para o Partido Liberal em ter Chico 2000 como presidente do Legislativo cuiabano. “A condução do Chico como presidente da Câmara nada tem a ver com o partido”, declarou o federal à imprensa nessa quinta-feira (9) ao ser indagado sobre o envolvimento do vereador na iniciativa da Câmara em recorrer à Justiça.
Para o congressista, a atuação do presidente do Parlamento municipal tem sido independente do PL e não representa a sigla. “No momento certo, se o partido precisar entrar como parte no processo ele entra, mas hoje tem a visão de que a condução do Chico como presidente da Câmara, nada tem a ver com o partido. Ele responde por ele, ele responde pela Câmara. Nem presidente do PL o Chico é. Então ele tem essa liberdade de agir como ele quiser”, disse Abilio.
Em outubro, a Câmara recorreu ao STJ pedindo a cassação definitiva de Abilio. Na ocasião, Chico garantiu à imprensa que a ação não é pessoal e nem política, mas sim uma medida tomada pela própria Procuradoria Geral da Câmara. De acordo com vereador, a Procuradoria tem o dever de recorrer de qualquer tipo de decisão que seja desfavorável à Câmara, sob o risco de prevaricação.
A rusga entre eles se acentuou quando Chico passou a disputar espaço dentro do PL para se tornar o nome da sigla que disputará a Prefeitura de Cuiabá em 2024. Contudo, o alto escalão do partido já definiu que o deputado federal é quem irá concorrer ao Alencastro.
O recurso no STJ ainda referente à cassação de Abílio em 2020 poderá afetar a candidatura do veterano na disputa. O que Abílio não acredita que aconteça.
Abilio teve o mandato de vereador cassado em 2020 por 14 votos a 11. Ele então interpôs uma ação anulatória de atos administrativos que foi negada pelo juiz de primeiro grau. Todavia, em julho do 2022, o desembargador Márcio Vidal concedeu o efeito suspensivo ao recurso de Apelação Civil interposto pelo então ex-vereador que pôde concorrer e venceu as eleições para deputado federal.
“Eu também acho que isso daí faz parte. Eu já sabia que eles iam entrar, o Oséas também entrou, a Câmara entrou depois do Oséas, a prefeitura entrou. Ou seja, o interesse do Emanuel, do Oséas e da Câmara. É o mesmo interesse que tinha na época que me cassou. Eles vão continuar tentando, resultado não vai dar não”, considerou o federal.
Apesar do íntimo interesse em tirar o colega de sigla do pleito em 2024, Chico negou que tenha partido dele a iniciativa de entrar com um recurso contra Abílio. Por sua vez, o deputado reforça que a sigla sabe separar as coisas que ele e o vereador são apenas instrumentos de algo muito maior, o partido.
“O meu partido separa as coisas, né? Uma coisa é o partido e sua construção partidária, o partido é maior que o Abílio, maior que o Chico, maior que os personagens políticos e o partido vai lidar com isso com naturalidade”.