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18/12/2023 às 17:53

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Palestras conscientizam homens em canteiros de obras em Cuiabá e VG

Sipat abre espaço à discussão do tema em meio a estatísticas que alarmam a sociedade; somente em MT, 33 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2023

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Palestras conscientizam homens em canteiros de obras em Cuiabá e VG

Foto: Assessoria

“Tenho só 10 anos e sonho com o dia em que as mulheres não sejam mais tratadas como propriedade ou objeto”. As palavras profundas de uma estudante, escritas numa redação entregue à Ong Lírios, chegam a emudecer a plateia formada majoritariamente por homens. O ambiente? Um canteiro de obras em Cuiabá, onde uma pausa para a reflexão é reservada em meio aos trabalhos braçais, porque violência contra a mulher precisa ser debatida por todos, em todo lugar e o mais amplamente possível.

O tema é abordado junto a trabalhadores da construção civil em meio à Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho, a tradicional Sipat, promovida em Cuiabá e Várzea Grande pela MRV, empresa do Grupo MRV&CO. O alerta é fundamental à sociedade: conforme o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 3.858 mulheres foram mortas de forma violenta no Brasil em 2021. O número representa mais de 10 mortes por dia e coloca as mulheres como um dos maiores grupos de vítimas de violência cotidiana. 

Na década de 2011 a 2021, mais de 49 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Para se ter ideia, esse número é superior à população inteira de municípios mato-grossenses como Campo Verde, Campo Novo do Parecis e Juína. O raio-X da violência contra a mulher em Mato Grosso também é alarmante. De janeiro a outubro de 2023, 33 foram vítimas de feminicídio. Conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), no primeiro semestre (jan-jun 2023), os casos de ameaça passam de 9 mil. São 4.777 casos de lesão corporal e 242 estupros registrados no mesmo período. 
  
Por trás das estatísticas, tristes histórias reais, cuja escalada de violência pode começar por xingamentos dentro do próprio lar, passando ou se acumulando com violências e de outros tipos (ao todo, são 5: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial, tipificadas na Lei Maria da Penha).

“A violência não nasce na rua: em inúmeros casos, ela nasce dentro de casa. Precisamos aprender a identificar os tipos de violência e coibir. Todas nós, mulheres, já fomos vítimas de algum tipo de violência e, às vezes, sequer sabemos, de tão acostumadas que estamos. Notem como isso é uma questão cultural, social. Ouso dizer que muitos homens também não sabem”, destaca a ativista Maria Fernanda Figueiredo, diretora executiva da Ong Lírios.

No Chapada Cesari, condomínio em construção na região do Santa Rosa, em Cuiabá, logo cedinho, uma plateia atenta aos alertas feitos na palestra. Muitos deles, esposos de mulheres e pais de meninas – e todos, filhos. Entre eles, o montador Leudenilson Nascimento Costa, 42 anos, e Lucca Corrêa Ribeiro, auxiliar de engenharia, 23 anos. “É importante a gente ter essa reflexão no dia a dia de trabalho e levar isso para casa. Sou novo, daqui há alguns anos posso ter filhos e tenho que dar o exemplo. Precisamos idealizar e transformar isso em cultura, passando para as próximas gerações essa conscienização”, afirma Lucca.  

Maria Fernanda lembra que a violência contra a mulher também pode estar em atitudes como o consumo de vídeos pornográficos e no tratamento interpessoal de forma grosseira dentro de casa, pouco amoroso. “Ao ter essas atitudes ou hábitos, esse marido está sendo violento com sua esposa”.  

Luiz Henrique Souto, engenheiro de segurança do trabalho que atua na MRV, pontua que a temática vem sendo incorporada a ações de conscientização com o propósito de ser uma contribuição efetiva da empresa para uma sociedade melhor. “Praticamente 90% dos nossos trabalhadores nos canteiros de obras são do público masculino. Falar sobre violência e sobre os cuidados e respeito com as esposas, com as famílias, é uma forma de conscientização e prevenção”.  

Para saber mais sobre os tipos de violência contra a mulher, acesse: https://www.institutomariadapenha.org.br/lei-11340/tipos-de-violencia.html

 
Assessoria
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