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Notícias / Polícia

04/08/2020 às 12:29

Presidente de Federação nega ligação da família Cestari e diz que chegou 2h depois do fato

Ele teria ficado sabendo do fato por terceiros e se prontificou a ir na residência por envolver atletas da federação

Luzia Araújo e Alline Marques

Presidente de Federação nega ligação da família Cestari e diz que chegou 2h depois do fato

Foto: Luzia Araújo

O presidente da Federação de Tiro de Mato Grosso, Fernando Raphael Ferreira de Oliveira, prestou depoimento como testemunha no caso Isabele Guimarães na manhã desta terça-feira (4) na Delegacia Especializada do Adolescente (DEA). Ele esteve na casa em que ocorreu a tragédia, no condomínio Alphaville I. Ele ainda contou ter chegado duas horas e vinte após o fato, por volta de 0h40. 

De acordo com Fernando, ele não recebeu nenhuma ligação de qualquer pessoa da família Cestari. Ele teria ficado sabendo do fato por terceiros e se prontificou a ir na residência por envolver membros da federação e ainda tentar amenizar o impacto negativo ao esporte que o caso poderia causar. 

"Nós estivemos na casa por conta de eu ser presidente da Federação e estar envolvendo atletas do tiro. Eu como presidente deveria estar lá, assim como presidente da OAB vai quando tem advogado preso, sou presidente de uma associação e tenho que dar suporte aos atletas. (...) Marcelo não me ligou, ninguém da família me ligou, fui informado por outro atleta que tem um vizinho dentro do condomínio que disse que havia tido um tiro na casa do Marcelo Cestari, procurei saber se era a filha dele, porque me falaram que tinha uma criança alvejada e no caminho que descobri que não era a filha", contou à imprensa ao deixar a delegacia.  

Fernando chegou para a oitiva por volta das 9h e falou por cerca de duas horas. Ele negou ainda qualquer interferência na cena do crime e garantiu que não houve reunião com o delegado que atendia a ocorrência na noite do fato. 

"Não houve reunião com o delegado. Esta informação está errada. Eu, quando cheguei no local, procurei dr. Olimpio e disse que qualquer dúvida sobre a legislação de tiro eu poderia sanar com ele". Na sequência o delegado teria informado que as armas estariam sem a documentação e seriam levadas. 

"Não houve auxílio, houve a presença da federação num evento em que foi envolvido atletas de tiro, atletas ativos", reforçou. 

Ainda de acordo com ele, quando chegou na casa a equipe da perícia já havia saído e o corpo da vítima já havia sido retirado. "Eu quis saber o que tinha ocorrido, porque a manchete seria que atiradora matou a amiga e eu fui saber o que ocorreu para defender o esporte". 

Fernando ganhou notoriedade no caso após áudios enviados por ele em grupos de atiradores vazaram, nos quais ele relataria a versão dos fatos, dizendo que se tratava de um acidente, "estavam falando merda" e a "imprensa queria achar um culpado". 

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Na entrevista, ele tentou amenizar as críticas à imprensa, disse apenas que os jornalistas querem saber o que ocorreu, assim como a polícia e a justiça poderão dizer. Por outro lado, alegou que como representante da Federação, apenas tentou esclarecer os fatos para que o esporte não fosse prejudicado. 

"No áudio eu explico o que ocorreu devido aos grupos de tiros estarem questionando. Qualquer coisa que ocorre com atleta pra quem vai perguntar? Eu falei o que me contaram, se o Marcelo mentiu à Polícia Civil que irá apontar no inquérito".

Questionado ainda sobre a experiência de Marcelo para identificar um tiro no rosto de Isabele, em quem ele teria feito massagem cardíaca durante a ligação para o Samu, na qual o empresário diz ter sido apenas uma queda e nega ser tiro, Fernando disse que não cabe a ele responder. 


"Se ele viu ou não disparo não tem como ninguém afirmar. Quem vai poder afirmar é a reconstituição dos fatos, que tem uma grande probabilidade de ocorrer. Eu não estava no local na hora do fato, eu não sei como ele encontrou o corpo. Não sei dizer se ele tem experiência ou não para saber se é tiro", afirmou.

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Sobre a situação atual de Marcelo junto à Federação, Fernando disse que o próprio empresário pediu que fosse desligado da entidade até a apuração dos fatos. Ele disse ainda que o estatuto prevê em que qualquer infração o atleta é suspenso. "Não pode participar de competições e nem emitir declarações, bem como o Exército abriu o procedimento administrativo e está com o CR dele suspenso".  

Ele fez questão de defender ainda que a Federação de tiro assim se limita as ações dentro dos estandes de tiro. "O que ele faz fora do ambiente de tiro é de inteira responsabilidade dele. A Federação se limita dentro dos eventos esportivos. Saiu dali a responsabilidade é do atleta". 

Ele disse ainda que antes do caso tinha ido apenas uma vez a casa do Marcelo e manteve contato com ele dias após o fato em solidariedade à família, mas não tem falado mais com o empresário nos últimos dias. 

Sobre o tempo em que a adolescente que teria atirado na amiga pratica tiro, ele alegou que houve uma falha na comunicação ao falar que a jovem já estava há pelo menos dois anos no esporte. De acordo com Fernando, o pai já participava há mais tempo, já a filha iniciou há poucos meses.  

Sobre a arma, trava ou alterações, Fernando se limitou a explicar cada "arma é uma coisa e todas têm trava", sobre as demais questões, "quem vai poder responder, se foi modificada ou não, quem vai falar é a perícia, se era segura ou não".

Já sobre outras punições a Marcelo dentro da Federação, ele disse que caso o empresário seja condenado ele automaticamente não poderá ter certidões das armas, logo não pode ser atirador e nem participar dos eventos. 

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O áudio 

No áudio divulgado de Fernando falando sobre o caso ele relata os fatos e diz que "tinha muita gente falando ‘merda’". Ele alega que esteve na casa "atendendo a família" e pontua que o empresário Marcelo Cestari é atirador do clube, junto com a esposa e os filhos.  

“Uma das gêmeas se despediu do namorado, pegou um case que sobrou em cima da mesa e levou para cima, para guardar no cofre. Uma amiga dela estava no quarto, no banheiro (...), ela chamou a amiga e foi até o banheiro, passou pelo closet. Bateu na porta e quando a amiga abriu, caiu a arma que estava dentro do case. Com uma mão, ela juntou a arma e o case com outra, quando aconteceu o disparo”, contou em áudio no whatsapp.

Ele chegou a informar que acompanhou todo o procedimento da polícia no local e alegou estaria lidando com os canais de comunicação, já que a imprensa queria achar um culpado. “Não tem o que dizer, aconteceu uma tragédia, a imprensa infelizmente tá querendo achar um culpado. Menina de 14 anos que atira, né? Aquela coisa toda que a gente sabe como funciona, tá bom?”. E finalizando alegando que qualquer coisa fora disso seria especulação. 
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