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23/05/2021 às 15:30

Diagnóstico precoce está ligado às chances de sobrevida do paciente com câncer

Oncologista fala sobre a importância de buscar manter a rotina de acompanhamento médicos e sobre adequações dos hospitais para áreas 'free covid' para atendimento aos pacientes

Luzia Araújo

Diagnóstico precoce está ligado às chances de sobrevida do paciente com câncer

Foto: Hcan

No último final de semana, o país perdeu duas personalidades da dramaturgia e da política brasileira para o câncer. A atriz, Eva Wilma,  morreu aos 87 anos, depois de descobrir um tumor no ovário. Já o prefeito de São Paulo, Bruno Covoas, lutou contra um câncer no sistema digestivo, com metástase nos ossos e no fígado. 

A notícia das mortes chocou o país e trouxe de volta o debate sobre a importância do diagnóstico precoce da doença e como ele pode salvar vidas.  Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelam que o câncer é a segunda maior causa de morte natural no Brasil, ficando atrás apenas das mortes causadas por problemas cardíacos.

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Mas, manter uma vida saudável e fazer exames preventivos para o diagnóstico precoce do câncer podem diminuir a chance de se tornar uma vítima da doença. O mastologia e cirurgião oncológico, Luiz Fernando Correa de Barros, que atua há 15 anos na área, disse que medidas que melhoram a qualidade de vida como se manter no peso adequado, não fumar, ingerir bebida alcoólica de um modo restrito e ter uma alimentação balanceada, são fatores que diminuem a chance do aparecimento da doença. 

“A prevenção do câncer é possível em algumas situações. Por exemplo, não fumar diminui, significativamente, o risco de se ter a doença na cabeça, pescoço, laringe, esôfago, e vários outros órgãos do corpo”, explicou. 

Porém, o especialista ponderou dizendo que a doença é de origem multifatorial e que existem outros fatores que podem causar o câncer, como os genéticos. “Infelizmente, mesmo as pessoas tomando condutas saudáveis, pode ser que o câncer apareça. Agora, ele é muito mais frequente em pacientes que fumam durante muito tempo, que estão acima do peso, que não possuem uma alimentação balanceada, que não fazem atividade física. Então, esses fatores associados a pré-disposição genética e alterações hereditárias, existe o risco de adquirir o câncer de uma forma mais frequente”. 

Para o médico não há dúvidas de que o diagnóstico precoce ajuda no tratamento e diminui a chance de se tornar uma vítima da doença. “Todos os cânceres diagnosticados precocemente possibilitam os médicos oncologistas a fazerem um tratamento mais adequado e a chance de cura são melhores. Então, o diagnóstico precoce está estritamente relacionado ao aumento de chance de sobrevida dos pacientes com câncer”. 

Entretanto, a pandemia do coronavírus se tornou um vilão na prevenção da doença. De acordo com o doutor Luís Fernando, alguns exames, que são feitos rotineiramente para prevenção secundária do diagnóstico do câncer, como a mamografia, que é feita em mulheres acima de 40 anos ou o toque retal (PSA), que é feito nos homens para avaliar a próstata, apresentaram uma redução na procura no último ano, já que os pacientes deixaram de ir ao médico, com medo da contaminação da Covid-19. 

“Isso vai refletir no futuro, ou seja, vamos ter mais câncer de mama avançados, mais câncer de próstata avançados. Pacientes que possuem o sintoma em outros locais, como sintomas intestinais, que por ventura possam ser neoplasia e deixaram de ir ao médico por conta da Covid-19, pode receber o diagnóstico tardio”.

O especialista explicou que o diagnóstico quando tardio, reduz a chance de obtenção de cura do paciente. "A partir do momento que a doença estiver mais avançada, ela afeta vários órgãos e o prognóstico se torna extremamente irreversível”. 

Segundo o médico, atualmente, Cuiabá conta com clínicas de oncologia e hospitais, que atendem o câncer, equipados com uma área chamada “Covid Free”, que é um espaço livre da doença que conta com materiais esterilizados, além da preocupação com uso de máscara e álcool em gel, diminuindo significativamente o contágio da Covid- 19. “Hoje é seguro fazer os exames para detectar ou não a presença de uma neoplasia nas clinicas de oncologia e hospitais que atende câncer de Cuiabá”. 

Em relação à frequência que se deve ir ao médico para realizar os exames preventivos, Luís Fernando, explicou que a literatura não define um tempo específico e que a frequência vai depender de vários fatores como se a pessoa é do sexo feminino ou masculino, se ela possui histórico de câncer na família ou não, faixa etária, o que torna o tratamento individualizado. 
 
“Para cada um existe uma rotina que o médico cirurgião oncologista vai adotar para tratar o paciente. Por exemplo, pessoas que não tiveram histórico de câncer de mama na família devem procurar o mastologista a partir dos 40 anos, para realizar a mamografia uma vez por ano, se não estiver apresentando nenhum sintoma. Já aquela que tem histórico familiar importante, o ideal é que ela vá no mastologista, pelo menos, 10 anos antes do caso mais jovem que aconteceu na família. Então, não existe precisão de que data se deve fazer o exame para cada um. A individualização é a peça chave para obter melhores resultados”. 

O médico ressaltou que, assim como as mulheres, os homens devem ter os mesmos cuidados preventivos com a saúde. Eles devem procurar um urologista para avaliação da próstata. O câncer de próstata é a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil e o exame de próstata é um grande aliado na identificação precoce da doença. O pré-requisito para realizar o exame de próstata é ter no mínimo 40 anos de idade, especialmente quando há histórico familiar da doença. 

“O homem deve ter o mesmo cuidado com a saúde, que a mulher. No aparecimento de sintomas, ele deve procurar o médico específico e se for diagnosticado o câncer, ele será encaminhado ao oncologista, que vai avaliá-lo. Mas, sempre ressaltamos que, o paciente em uma certa faixa etária, mesmo não sentindo absolutamente nada, deve realizar o exame da próstata”. 

O especialista explicou que a taxa de cura de um câncer diagnosticado precocemente é maior do que se diagnosticado tardiamente. “Muitas vezes no diagnóstico tardio, o oncologista já não tem muito a oferecer ao paciente. No diagnóstico precoce, há muito o que se fazer. Houve uma grande evolução no tratamento cirúrgico, quimioterápico, radioterápico dos pacientes com câncer. Então, não tenha medo de procurar auxílio médico, porque o diagnóstico precoce salva vidas. Já o diagnóstico tardio, muitas vezes, a medicina pode não ter muito o que oferecer por você”.  
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