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18/05/2021 às 12:16

Mestre violeiro oferta oficina de viola de cocho e tradições populares

Além de confeccionar o instrumento, ele também ensina a tocar o cururu e cantar o siriri

Túlio Paniago

Mestre violeiro oferta oficina de viola de cocho e tradições populares

Foto: Divulgação

A arte de confeccionar a viola de cocho, um dos mais tradicionais instrumentos musicais de Mato Grosso, que dá ritmo às músicas e danças populares do estado, como o cururu e o siriri, permanece viva nas mãos do artesão Alexandre Paes. Ele compartilha esse conhecimento com a comunidade por meio de oficinas e cursos.

Ele aprendeu com o pai o ofício de artesão da viola de cocho, de mocho e ganzá. Nas oficinas, além de confeccionar a viola, ele também ensina a tocar o cururu e cantar o siriri, e ainda explora a construção dos versos e o que significam, ou seja, explica aos alunos todo o processo de musicalização.

O quintal de sua casa, no bairro Vila Arthur, um dos pontos de cultura mais importantes de Várzea Grande, foi a sede da oficina “Modos de Fazer Viola de Cocho”, que recentemente beneficiou 15 moradores da cidade industrial.

Com carga horária de 40 horas, a oficina teve o objetivo de transmitir a tradição artesanal, musical, poética e coreográfica da viola de cocho, expressão cultural registrada no livro dos saberes do patrimônio imaterial nacional.

Mestre Alexandre também é festeiro e tirador de reza em festas de santo da região metropolitana de Cuiabá. Em festas e celebrações, é tocador e autor de músicas de siriri e de toadas de cururu. Atualmente é um dos principais instrutores de cursos, oficinas e workshops de Mato Grosso.

“Penso no amanhã, não quero deixar essa riqueza e beleza que recebi do meu pai só para mim e não repassar para frente. Se eu não repassar para os alunos, ela morrerá comigo e não terá proveito nenhum”, ressalta.

O artesão trabalha com as oficinas em Várzea Grande desde 2010, quando entrou para a AMFMT. Começou dando aulas de musicalidade para jovens na Escola Estadual Nadir de Oliveira. Pouco depois vieram as oficinas de viola de cocho.

Gustavo da Silva Campos, um dos alunos da oficina, conta que o tio também era cururueiro e artesão na fabricação da viola de cocho e, desde criança, convive com essa cultura e tradição. “Desde o momento que passei a ter contato com a viola de cocho e poder cantar o cururu, senti algo mágico. É difícil explicar, é preciso sentir, cantar e tocar para saber o que é esse sentimento”, ressalta Gustavo.

O quintal de Mestre Alexandre é uma extensão da Associação das Manifestações Folclóricas de Mato Grosso (AMFMT). Ele foi um dos selecionados pelo edital Expressões Culturais Várzea-grandenses, premiado com recursos da Lei Aldir Blanc em Várzea Grande.

Confecção artesanal e consciente

A madeira usada para a confecção da viola é extraída de árvores como o sarã de leite, chimbuva, cedro rosa, cajá manga, seriguela, cajueiro, entre outras. Os artesãos têm a preocupação em preservar o meio ambiente e não costumam cortar as árvores para esse fim.

Alexandre conta que costuma usar pedaços de árvores que já foram cortadas e descartadas. “Para mim é muito gratificante dar vida àquele pedaço de árvore que foi jogado fora, fazendo ela reviver, mas de forma diferente, como um instrumento que vai alegrar muitas pessoas”.

Ele conta que, antigamente, as cordas da viola eram feitas de tripa de ouriço, macaco, bugio, leitoa, entre outros, mas hoje usam cordas de pescar.

Com informações da Assessoria
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