Cuiabá, sexta-feira, 24/05/2024
10:49:10
informe o texto

Notícias / Diversidade

28/06/2021 às 17:28

No Dia do Orgulho, artistas falam de transfobia nas artes e de luta por reconhecimento

Saiba um pouco sobre a trajetória de Seven Mônica, Lupita Amorim e Sol Ferreira

Priscila Mendes

No Dia do Orgulho, artistas falam de transfobia nas artes e de luta por reconhecimento

Foto: Entretê

Além das artes, de tão diferentes segmentos, o que conecta Lupita Amorim, Sol Ferreira e Seven Mônica é a luta contra a transfobia. E, neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, destacam a importância de combater qualquer discriminação também nas expressões culturais que representam.

Lupita Amorim é multiartista: poetisa, atriz, modelo, dançarina, performer. Ela pode ser vista no clipe ‘Orgulho’, de Pacha Ana, último trabalho que desenvolveu. Mas atua no teatro desde a infância e participou de filmes, a exemplo do curta ‘Como Ser Racista em 10 Passos’ (2020), de Isabela Ferreira. Lupita é negra e travesti. E marca sua trajetória como negra e travesti, seja nas artes, seja no espaço acadêmico, seja na militância.

Seven Mônica é o nome que a cantora de MPB escolheu após se identificar mulher trans, cuja nova identidade saiu há pouco mais de um ano. ‘Seven’ era o ‘sobrenome’ de artista, quando decidiu transicionar. Tamanha a importância da arte na vida dela, que se tornou o primeiro nome.

Sol Ferreira é um jovem trans não binário. Aliás, não binárie, já que prefere o gênero neutro na identidade. Tem formação em Teatro, faz faculdade de Letras e atua nas artes visuais ou, como marcou, nas plásticas teatrais. O mais recente trabalho de Sol foi a ‘Exposição Manga Coração de Boi’, que ficou em cartaz entre março e abril deste ano, no Centro Cultural Casa das Pretas, contemplado pela Lei Aldir Blanc.

Todos esses artistas seriam reconhecidos “apenas” pela arte, não fosse necessário pautar as demandas da população LGBTQIA+. “Minha trajetória enquanto artista trans é de luta todo dia”, resumiu Sol Ferreira. “As transfobias acontecem o tempo todo. Infelizmente, segundo a Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, o Brasil é um país que mata muitas pessoas trans e Mato Grosso está no topo”, completa.

Cantar em bares e restaurantes é a principal fonte de renda de Seven Mônica, que sofreu grande impacto com a pandemia. No entanto, Seven sente que a transfobia prejudica, e muito, sua carreira, pois ela perde muitas oportunidades de trabalho.

Ela explica que as pessoas não a contratam, quando é ela mesma “o cartão de visitas”. Para as pessoas trans, isso é chamado de ‘grau de passabilidade’, quando alguém “se passa visualmente” como mulher ou como homem, a partir de estereótipos do feminino ou do masculino.

Assim, Seven só é contratada quando a ouvem cantar ou quando recebe indicação de outro dono de bar ou restaurante. “É só eu dar uma palhinha e todo mundo aplaude, reconhece a qualidade”.

Para Lupita Amorim, a transfobia nas artes se manifesta por não reconhecerem nela uma trabalhadora. Recebe muitos convites de parceria, mas poucas propostas com remuneração, diferentemente dos outros envolvidos no projeto. Como se uma pessoa da militância LGBTQIA+ e do movimento negro sempre fosse voluntária. “A maior transfobia e racismo que eu vivencio é que, na maioria das vezes, as pessoas não consideram que eu tenho que pagar contas”.

O sentimento de Lupita, não nega, é de “muita indignação diante da realidade de violência e marginalização que eu vivo diariamente, entretanto, o que eu tenho aprendido é que eu preciso organizar essa indignação, saber fazer a denúncia e propor soluções, fazer enfrentamento de forma coletiva”, asseverou.

Sol Ferreira, por sua vez, registrou que é importante voltar o olhar para os artistas trans, com produção de alta qualidade, e valorizou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. “Nós precisamos celebrar nossas conquistas profissionais, nossos trabalhos, porque nós temos capacidade, estamos nos qualificando e precisamos de oportunidades de trabalho que sejam mais do que o convite para uma fala numa roda de conversa”.

28 de Junho

O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ nasceu de muita violência: até a década de 1960, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, relações entre pessoas do mesmo sexo eram ilegais e os casais homoafetivos se refugiavam em bares e clubes. Por outro lado, quando descobertos, sofriam muitas agressões pelos policiais da época.

Mas, em 28 de junho de 1969, a polícia de Nova Iorque tinha um mandado para inspecionar o bar Stonewall Inn e prendeu 13 pessoas. Por conta do tratamento agressivo dos policiais, membros da comunidade LGBTQIA+ e outras pessoas foram se juntando no local e, reagindo à prisão violenta de uma mulher, foi iniciada a chamada Rebelião de Stonewall, marcando a data mundialmente.

Créditos das fotos:
Foto destaque:Montagem com fotos de Seven Mônica (Karen Malagoli), Lupita Amorim (Oliveira Studio) e Sol Ferreira (Reprodução Instagram)
Foto 2: Karen Malagoli
Foto 3: Reprodução Instagram
Foto 4:Maria Reis

Clique AQUIentre no grupo de WhatsApp do Entretê e receba notícias de Cultura e programações artísticas.

1 comentário

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do site. É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.

  • Maristela 28/06/2021 às 00:00

    Esta reportagem é maravilhosa. Lupita, Seven e Sol são megas artistas. Um viva à arte que realizam.

 
Sitevip Internet