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Notícias / Polícia

02/11/2021 às 11:55

Homofobia: mãe de chef de cozinha assassinado fala sobre a luta contra o preconceito

O rapaz foi assassinado com três tiros na cabeça quando saía do restaurante Chalé do Italiano, onde trabalhava em Sinop

Angélica Callejas

Homofobia: mãe de chef de cozinha assassinado fala sobre a luta contra o preconceito

Foto: Divulgação

O assassinato do chef de cozinha João Guilherme Velasco, 25, completou seis meses e o caso ainda segue sem desfecho. E quem sofre com a angústia de não ter uma respoista é a mãe, a jornalista Rose Velasco. O jovem foi executado com três tiros na cabeça no dia 28 de abril quando saía do restaurante Chalé do Italiano, onde trabalhava no município de Sinop (505 km de Cuiabá).

Em entrevista ao Leiagora, Rose contou as novidades do caso e diz que as investigações apontam para um crime de ódio, relacionado à homofobia. "O que consta no inquérito é que pessoas desse grupo de criminosos se sentiram incomodados com o fato do meu filho ser homossexual, e sem ameaças, sem mandar recado, enfim, sem nenhum sinal de risco, de perigo, resolveram assassiná-lo", relata.

De acordo com Rose, o delegado teria comunicado a possibilidade de João, na época, estar tendo um relacionamento com um integrante de facção criminosa e por isso foi morto. "Meu filho teria sido executado para dar recado aos demais integrantes do grupo para que não se envolvam mais com homossexuais".

O outro homem com quem João manteria uma relação foi castigado pela própria organização, com o conhecido "salve", frequentemente aplicado em quem se desvia das normas pré-estabelecidas pelo grupo.

"A gente sabe que nossa legislação não permite um tribunal de exceção, no entanto, é o que vem ocorrendo em Mato Grosso nos últimos anos. Eles decidem o que vão fazer com a vida das pessoas a seu bel prazer. Eles fazem o que querem, com quem querem, quando querem e fica por isso mesmo. Até o momento nada foi feito de concreto", desabafa.

Rose, que é jornalista, também comenta que o município de Sinop vem sofrendo uma onda de crimes oriundos de organizações criminosas. A questão da discriminação dentro das facções é muito presente, e resultam em crimes de homofobia, racismo e de gênero, diz ela. 

Além de ter que lidar com a perda de um filho, a mãe de João ainda sofre sem justiça pela morte dele.
Quanto à demora para a conclusão do caso, Rose se disse inconformada. "É uma sensação muito ruim", resume.

Porém, Rose conta que tem buscado conforto em grupos que passam pelos mesmo problemas e lutam para tornar o mundo mais justo e menos homofóbico, com menos violência. 

Rose conta que após o assassinato do filho foi convidada a participar de grupos de apoio, como o coletivo Mães pela Diversidade de Mato Grosso e a Associação de Famílias Vítimas de Violência. 

"São dois segmentos sociais de grandes lutas. São pessoas corajosas, fortes, determinadas, que estão se unindo, se organizando, para cobrar do Estado, cobrar das autoridades, respostas, medidas urgentes, para que outras famílias não passem pelo que estamos passando", relata.

O coletivo Mães pela Diversidade está presente em vários estados do Brasil, e busca lidar principalmente com temas do universo LGBTQIA+, além de realizar várias ações em defesa dos direitos sociais e civis dessa população. 

"As Mães pela Diversidade estão corajosamente envolvidas no combate ao crime de homofobia, porque a homofobia mata. É um ódio irracional, incontrolável, violento, que pode, sim, resultar em mortes. E isso precisa ser combatido, precisa ser mais falado, mais explicado, para que as pessoas entendam".


Rose lembra que os LGBTQIA+ possuem famílias, sonhos, projetos, como qualquer outra pessoa. "A gente precisa rever esses valores sociais, ver essas pessoas como ser humano capaz e detentor de direitos e tratar com respeito e com amor", acrescenta.
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