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Notícias / Política

14/03/2022 às 08:00

Após carnaval, política de Mato Grosso entra em efervescência

Foi dada a larga na corrida pela consolidação dos grupos que vão disputar o governo e o Senado

Jardel P. Arruda

Após carnaval, política de Mato Grosso entra em efervescência

Foto: Envato

“O ano no Brasil só começa depois do carnaval”, diz o ditado. E coincidência ou não, foram nos primeiros dias úteis de março, justamente após o famoso feriado nacional, que as discussões políticas em torno da disputa eleitoral ao governo e a vaga no Senado entraram em efervescência.

Apesar de o governador Mauro Mendes (UB) ainda não ter confirmado se vai à reeleição e de nenhum nome ter se consolidado candidato da oposição, os personagens do teatro político começaram a se mover no palco. Vamos então a estes personagens e seus passos.

A reunião que despejou combustível

Desde a filiação do presidente Jair Bolsonaro no Partido Liberal, o senador Wellington Fagundes (PL), liderança histórica da sigla em Mato Grosso e pré-candidato à reeleição, passou a ser visto, tanto pelo grupo bolsonaristas quanto pelo grupo de oposição eleitoral ao governador, como nome ideal para enfrentar Mauro Mendes em uma eventual disputa ao Governo.

Na noite seguinte à quarta-feira de cinzas, no dia 3, e na tarde do dia 4, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), principal articulador de uma oposição a Mauro Mendes, organizou duas reuniões na própria residência para promover o encontro das lideranças descontentes com o atual governador, como os irmãos Jayme e Júlio Campos, respectivamente senador e ex-governador de MT, o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB) e o presidente regional do PSDB, deputado estadual Carlos Avallone.

Juntos, eles pressionaram o senador Wellington Fagundes a decidir se seria esse candidato ao Governo pelo grupo oposicionista. Contudo, o líder do PL em Mato Grosso não arredou o pé e se manteve pré-candidato ao Senado. E ainda afirmou que espera o desenrolar de articulações políticas nacionais, as quais podem sacramentar uma aliança entre ele e o governador Mauro Mendes.

Apesar disso, esse grupo de oposição deu até o dia 15, a próxima terça-feira, para Wellington Fagundes comunicar sua decisão final a respeito do assunto.

A live que acendeu o fogo

Mesmo tendo dado um prazo até o dia 15 para Wellington Fagundes, o prefeito Emanuel Pinheiro usou a live de terça-feira realizada na noite do dia 8 para comunicar que iria tirar 15 dias de férias para “fazer política” e viabilizar uma candidatura ao governo de oposição a Mauro Mendes e novamente colocou o próprio nome à disposição para ser pré-candidato a governador. 

Ele ainda aproveitou para tecer críticas à gestão de Mauro Mendes e dar como certo o fato de que Wellington Fagundes não será candidato ao governo. 

A corrida por Bolsonaro

A resistência de Wellington Fagundes em ser candidato ao governo de Mato Grosso abriu espaço para outro nome buscar a benção do presidente Jair Bolsonaro para carregar a bandeira do bolonarismo em Mato Grosso: o ex-deputado federal Nilson Leitão.

Na mesma noite em que Emanuel Pinheiro realizava a live, Nilson Leitão se encontrou com Bolsonaro e com o senador José Medeiros (Podemos) após uma reunião do chefe do governo Federal com lideranças evangélicas de todo o Brasil. Na tarde do dia 9, uma nova reunião aconteceu e ficou alinhado, ao menos momentaneamente, que se Wellington não topar o desafio, Nilson Leitão terá o apoio do presidente.

Nilson Leitão se consolidou na figura de adversário do PT enquanto atuava como líder da oposição durante a gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT). Ele foi um dos parlamentares que capitaneou a luta pelo impeachment da então presidente e ficou nacionalmente reconhecido pelos discursos antipetistas.

Apesar de estar sem mandato eletivo desde 2019, após ser derrotado na disputa pela senatória nas eleições de 2018, o ex-deputado possui capital político em todo Mato Grosso, conquistado com seus oito anos de mandato como deputado federal e também presidente estadual do PSDB. O tucano também sempre teve uma relação amistosa com Jair Bolsonaro enquanto dividiram espaço na Câmara dos Deputados.

O movimento de Mauro Mendes

No mesmo dia em que Nilson teve um segundo encontro com Bolsonaro, o governador Mauro Mendes foi a Brasília fazer uma peregrinação nos ministérios e encerrou sua agenda com uma visita política ao presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.

Ambos se conhecem há pelo menos 14 anos e guardam uma relação de cordialidade. Mendes era filiado ao PR, sigla que deu origem ao PL, e encarou sua primeira disputa eleitoral por essa sigla em 2008, quando foi derrotado no pleito pela Prefeitura de Cuiabá.

Nos bastidores, conta-se que a pauta foi uma aliança na qual Mauro Mendes ofereceria um palanque forte para Jair Bolsonaro, costurando uma aliança com o senador Wellington Fagundes. Se confirmada essa aliança, Mauro estaria impedindo que a oposição tenha o presidenciável mais popular em Mato Grosso no palanque e ainda tiraria Fagundes daquele grupo.

A situação de Neri

Se por um lado a movimentação de Mauro Mendes seria um golpe na oposição, também cria um problema “dentro da própria cozinha”. Aconteceu que o deputado federal Neri Geller (PP), aliado de primeira hora do governador, constrói desde 2020 um projeto para ser candidato ao Senado.

Neri Geller reúne apoios como do senador carlos Fávaro, do ex-ministro Blairo Maggi (PP), do empresário do agronegócio Eraí Maggi, todos aliados do governador Mauro Mendes. Todos consideram o projeto de Senado do progressista como inevitável e, caso não aconteça no palanque do governador, vai acontecer em outro.

Na quinta-feira (10), Blairo Maggi visitou Mauro Mendes no Palácio Paiaguás e, na saída do encontro, disse à imprensa que a candidatura de Neri não depende do apoio do governador. Na tarde do mesmo dia, Mauro e Neri viajaram juntos à Sinop para uma agenda institucional e na sexta-feira (11) o pré-candidato a senador falou com a imprensa de Cuiabá dizendo que “o encontro de Mauro foi justificado”.

Na manhã de sexta, entretanto, Mauro Mendes confirmou a reunião com Valdemar Costa Neto para discutir política. Negou ter fechado qualquer apoio, mas um encontro com o líder nacional do Partido Liberal que dura horas de “boa conversa” soa, no mínimo, como um indicador de aproximação.

Hora de aguardar as cenas dos próximos capítulos e entender como ficarão outros importantes personagens, como os também pré-candidatos ao Senado José Medeiros, deputado federal, e Otaviano Pivetta (sem partido), vice-governador.
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