O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), voltou a afirmar na manhã desta terça-feira (5) que não teme a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para apurar os fatos investigados no âmbito da Operação Espelho, que levou ao indiciamento de 22 pessoas, entre empresários e servidores públicos, por fraudes em licitações durante a pandemia de Covid-19, peculato e organização criminosa.
Ele disse também que confia nas investigações feitas pela Polícia Civil, responsável pela operação, e que acredita que os delegados e investigadores não cometeram erros ao deflagrar a operação. Por isso, afirma que não está preocupado com a notícia de que a Polícia Federal também deve entrar no caso.
No fim de semana, o site Metrópoles divulgou a informação de que a PF requereu o compartilhamento dos inquéritos, a fim de "analisar as provas para apurar se houve obstrução de Justiça, especialmente em relação a políticos potencialmente envolvidos nos fatos investigados". O portal de notícias destacou ainda que pode ter havido desvio de verbas federais para a crise sanitária, o que justifica a entrada da PF no caso.
"O papel da Assembleia não é abrir CPI por qualquer probleminha, porque se for vai ter que abrir 200 CPIs. Temos probleminhas pequenos, médios e grandes todos os dias", comentou o governador quando questionado sobre o requerimento apresentado pelo deputado Wilson Santos (PSD) para investigar os fatos da Operação Espelho.
Já sobre a notícia do site nacional, Mauro demonstrou confiança na Polícia Civil. "Se ela fez uma operação, denunciou 22 pessoas e se ali existir um real de dinheiro federal, a operação está toda anulada, porque é competência da PF e do Ministério Público Federal. Tenho absoluta confiança de que os nossos delegados, o mínimo que eles fariam, é verificar a origem do recurso. Já foram anuladas dezenas de operação no Brasil por conta desse erro e eu não acredito que eles tenham cometido esse erro".
A operação
Deflagrada em 2021, a primeira fase da Operação Espelho investigou fraudes e desvios de valores ocorridos no contrato de prestação de serviços médicos no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande.
A investigação começou após a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) receber uma denúncia de que a empresa contratada para fornecer médicos plantonistas disponibilizaria número de médicos inferior ao contratado.
Como desdobramento das investigações, a Polícia Civil apurou que a empresa contratada integrava um cartel dedicado a fraudar licitações e contratos de prestações de serviços médicos, principalmente, de UTIs, em todo o estado.
Foram identificados contratos fraudulentos com hospitais municipais e regionais de Mato Grosso. As empresas teriam, inclusive, enviado pacientes para UTIs sem necessidade à época.