Antes mesmo da pandemia do coronavírus (Covid-19) se agravar no Brasil, o Ministério da Saúde definiu hospitais de referência para o tratamento da população que poderia vir a se infectar com a doença. Em Mato Grosso, a unidade apontada foi o Hospital Universitário Júlio muller (HUJM), localizado em Cuiabá. Isso porque ele é o único centro médico federal no estado. 

Contudo, a unidade pode não ser capaz de atender aos pacientes quando o quadro se agravar. Esse é o caso que preocupa a presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Hildenete Monteiro Fortes.

Em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (18), Hildenete informou que o Júlio Muller conta com apenas um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível no momento. As demais camas que a unidade hospitalar dispõe estão ocupadas por pacientes crônicos, segundo a presidente. 

Nesse cenário, como garantir a segurança daqueles que já estão internados e ainda oferecer o tratamento “de referência” para os novos casos  que ainda poderão vir?

“Que eu tenha conhecimento, o Hospital Júlio Muller tem um leito só de referência. Para essa pandemia, um leito não é nada. Porque temos pacientes crônicos internados também. Como você vai fazer? Dar alta para esses pacientes internados na UTI? Escolha de Sofia que vamos ter que enfrentar futuramente?”, questionou. 

“Escolha de Sofia”, como a presidente classificou a situação, refere-se a​ uma difícil escolha a qual foi submetida uma polonesa, no campo de concentração de Auschwitz, na segunda guerra mundial. Sob pressão, ela teve que escolher qual de seus dois filhos ela salvaria da câmara de gás, do contrário os dois iriam morrer. 

Apesar do cenário crítico apontado pela presidente do CRM, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, tranquilizou a população. Segundo ele, o estado já se prepara para auxiliar no tratamento da pandemia e disponibilizou mais de 130 leitos de UTI em todas as regiões - o que o CRM reconhece. Conforme o CRM, desses leitos, 75 seriam de UTI adulto, 22 pediátricos e 30 neonatal. 

Ainda segundo Figueiredo, o Hospital Santa Casa de Cuiabá, que é gerido pelo estado, também tem capacidade para ser referência na baixada cuiabana e já está sendo preparado. Essas unidades de saúde devem ser acionadas caso o hospital de referência não tenha mais capacidade de atendimento.

Nesta semana, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), também disponibilizou mais de 40 leitos no Pronto-Socorro.

O Leiagora tentou contato com a assessoria do Hospital Júlio Muller para confirmar o caso, mas não conseguiu retorno até a publicação desta matéria.