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17/05/2022 às 09:00

Dia Internacional contra LGBTfobia: conservadorismo em MT dificulta igualdade de direitos

MT registrou quase 600 crimes contra a comunidade entre 2020 e 2022

Denise Soares

Dia Internacional contra LGBTfobia: conservadorismo em MT dificulta igualdade de direitos

Foto mostra bíblia no primeiro plano e bandeira LGBT desfocada ao fundo durante discussão sobre o conselho estadual

Foto: Marcos Lopes/ALMT

Quase 600 crimes contra a população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e demais grupos e variações de sexualidade e gênero) foram registrados pela Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) entre 2020 e maio de 2022 no estado.
 
Nesta terça-feira (17), é comemorado o Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. Em 1990, nesta data, a homossexualidade foi excluída da classificação de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). A data marca o combate à agressão de pessoas que não são heterossexuais ou cisgêneras.

Foram 575 crimes mais registrados através de boletins de ocorrência pela população LGBTQIA +: entre eles estão casos de ameaça, injúria, calúnia e difamação, além de furto, roubo, estelionato e lesão corporal.

Uma das figuras presentes na luta dos direitos é Josi Marconi, fundadora e coordenadora do grupo Mães Pela Diversidade, que acolhe e auxilia famílias com filhos LGBTQIA+.
 
Para ela, o conservadorismo das pessoas, principalmente na política mato-grossense, é um dos grandes estorvos da comunidade.
 
“Foram muitas conquistas, mas muito aquém das necessidades dessa população. Nós temos muitos embates, principalmente em Mato Grosso. Temos uma Câmara de Vereadores que é conservadora, assim como uma Assembleia conservadora. Infelizmente a grande maioria das conquistas tem sido através da judicialização”, declarou Josi, em entrevista ao Leiagora.
 
O impasse político citado pela militante se deu em dezembro de 2021. Após dias de protestos e discussões, os deputados rejeitaram a proposta de criação de um conselho estadual para tratar sobre questões importantes para a população LGBTQIA+.
 
Os movimentos que eram a favor da criação do conselho reclamaram da interferência da ala evangélica da ALMT.
 
“O Brasil é o que mais consome pornografia LGBT e, ao mesmo tempo, é o que mais mata. Eles [LGBTQIA+] só querem sair de casa de mão dada com quem eles amam, beijar quem ama na rua, assim como os héteros fazem”, explicou Josi.


 
A mãe que perdeu o filho
 
O assassinato do chef de cozinha João Guilherme Velasco, de 25 anos, completou um ano e a investigação do caso ainda segue sem conclusão.

O jovem foi morto com três tiros na cabeça no dia 28 de abril de 2021 quando saía do restaurante Chalé do Italiano, onde trabalhava, em Sinop.
 
João é filho da jornalista Rose Velasco, que afirma que as investigações apontam para um crime de ódio, relacionado à homofobia.
 
Em um trecho do inquérito policial que investiga a morte de João Guilherme é citada a frase: ‘se incomodaram com o fato dele ser homossexual’.
 
“A Polícia Civil de Sinop não concluiu o inquérito e nem tem provas contra os suspeitos. Essa demora não é algo que se possa aceitar. Seguimos na esperança de que o crime seja solucionado e os criminosos punidos. O tempo é algo que se encarrega de tudo. E nada fica escondido abaixo desse nosso sol”, declarou em entrevista ao Leiagora.
 
Para Rose, a justiça é algo que não irá devolver a vida do filho, no entanto, se for feita, poderá impedir que outras famílias, outras mães, sofram o que ela sofreu.

Leia também - Assassinato de chef de cozinha segue sem solução e mãe questiona demora da polícia
 
“O crime de homofobia deve ser classificado como sendo crime hediondo, pelo grau de brutalidade e de covardia que o caracterizam. Tirar a vida humana porque se incomodou com a sexualidade de outra pessoa, jamais pode ser aceito como algo justificável e aceitável. Quem assim pensa e quem assim age, é criminoso e de alto grau de nocividade social e que não consegue conviver socialmente e nem tem respeito à vida humana”, desabafou.

 
Números
 
De acordo com o Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia – (GECCH), da Sesp, foram relatados 139 crimes contra a comunidade no estado em 2019.
 
Em 2020 foram 276. Já em 2021 a segurança recebeu 209 denúncias. Em 2022, até o momento, foram registrados 90 crimes.
 
Foram 16 pessoas da comunidade LGBTQIA+ assassinadas no estado em 2020 e 2021.
 
O filho de Rose é uma das vítimas dessa estatística. Após a morte do rapaz, ela entrou no Grupo de Mães da Diversidade em Mato Grosso e afirma que conseguiu dar um novo significado à vida.
 
“Espero que a morte brutal e covarde do meu filho sirva para dar um novo sentido à vida de outras famílias. Que elas possam viver em paz, sem medo, com inclusão social e com amparo dos serviços públicos: saúde, educação, emprego, segurança, entre outros”, finalizou.
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